Após mais de uma década de espera, o Icasa finalmente começa a colher os frutos de uma luta que marcou de forma profunda sua história recente. O presidente do clube, Celso Pontes, confirmou o depósito de R$ 80,9 milhões em conta judicial, referente a parte da indenização paga pela CBF pelo não acesso do Verdão à Série A do Campeonato Brasileiro de 2014. O valor simboliza mais do que um ressarcimento financeiro: representa o reconhecimento de um erro que mudou o destino esportivo e institucional do clube caririense.
A conta judicial, no entanto, também escancara a dura realidade enfrentada pelo Icasa ao longo desses anos. Todas as dívidas que o clube possui na Justiça serão automaticamente descontadas do montante depositado, e a diretoria ainda não sabe quanto restará após os abatimentos. Ainda assim, há expectativa e planejamento. Com o valor líquido, o clube pretende investir na melhoria do CT Praxedão, além de montar um elenco competitivo para a disputa da Série B do Campeonato Cearense do próximo ano.
A indenização tem origem em um dos episódios mais controversos da história recente do futebol nacional. Em 2013, o Figueirense escalou de forma irregular o jogador Luan Niezdzielski, que estava suspenso, em uma partida contra o América-MG pela Série B. O Icasa, que terminou a competição apenas um ponto atrás do clube catarinense — quarto colocado e último a garantir acesso à Série A —, acionou a Justiça Desportiva pleiteando a perda de pontos do adversário, o que lhe daria a vaga na elite em 2014.
A própria CBF reconheceu posteriormente a falha que retiraria pontos do Figueirense e garantiria o acesso do Icasa, mas recorreu da decisão, prolongando o processo por mais de dez anos. O pagamento agora confirmado não apaga os prejuízos esportivos, financeiros e emocionais sofridos pelo clube, mas representa um passo importante para a reconstrução. Para o Icasa e sua torcida, trata-se de uma justiça tardia — que não devolve o passado, mas pode ajudar a redesenhar o futuro.