
A inauguração da nova estátua de Nossa Senhora de Fátima, no Crato, demonstrou a força do catolicismo na construção da identidade cultural do Cariri cearense. Com 54 metros de altura, o monumento, considerado o maior do mundo dedicado à santa, simboliza não apenas devoção, mas também um legado religioso que atravessa várias décadas na região.
Dados do Censo de 2022 reforçam essa característica: cerca de 91% dos moradores do Crato se declaram católicos, percentual muito superior à média nacional. Essa predominância religiosa não se limita ao campo da fé; ela moldou costumes, tradições, a organização social e até a formação das primeiras comunidades caririenses.
A origem desse enraizamento remonta aos períodos iniciais de povoamento, quando fazendas, capelas e pequenos oratórios funcionavam como centros de encontro e convivência. Mais tarde, missionários, entre jesuítas, capuchinhos e outros grupos, ajudaram a difundir práticas religiosas que se tornariam parte do cotidiano. No século XIX, figuras como Padre Ibiapina e, posteriormente, Padre Cícero, ampliaram essa influência por meio de ações sociais, catequese e trabalho comunitário.
Com o tempo, a criação de paróquias, a estruturação da Diocese do Crato e a consolidação de festas religiosas fortaleceram ainda mais o vínculo entre fé e vida pública. Hoje, romarias, procissões e celebrações de padroeiros movimentam cidades inteiras, transformando o Cariri em um dos principais polos de turismo religioso do Nordeste.
A nova estátua de Fátima se torna um marco contemporâneo dessa herança. Além de reforçar a identidade espiritual da região, o monumento deve impulsionar o fluxo de visitantes e fortalecer o calendário de eventos ligados à devoção católica. Para moradores e peregrinos, ele representa continuidade: um símbolo de fé que dialoga com o passado e projeta o Cariri no cenário nacional como território de tradição, cultura e religiosidade.