Aminah Naham, uma profissional da saúde de 47 anos, cearense, que morava há quatro anos na Turquia, relatou a experiência vivida após o terremoto que atingiu o país e causou a morte de mais de 30 mil pessoas. Aminah morava em Gaziantep, cidade que foi o epicentro do terremoto, com o marido, Fahd Al Awaj, um engenheiro refugiado sírio. Na tragédia, a cearense perdeu a casa, os animais de estimação e diversos amigos.
Aminah entrou em contato com o consulado brasileiro no país para pedir ajuda, e a embaixada do Brasil conseguiu um visto para o marido. Depois de horas em estradas destruídas pelo terremoto até a capital, Ancara, o casal conseguiu sair do país e retornar ao Brasil em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). A cearense disse que, embora esteja feliz por estar em segurança, se sente destruída pelo que aconteceu e considera que foi um livramento grande de Deus.
Nos dias anteriores ao terremoto, Aminah conta que seus gatos estavam agitados, miando muito pela casa. Pouco antes do primeiro tremor, ela foi acordada pelos gatos. Aminah se encaminhou para outras unidades do prédio em que morava para avisar aos vizinhos e ajudar a garantir a segurança de todos. Ela estava na escada quando o segundo terremoto atingiu a cidade.
Durante seis dias, Aminah e outras pessoas se organizaram em uma praça, com pouca comida, sem água ou acesso a banheiros e tendas improvisadas com cobertores e plásticos em meio a um frio de temperaturas negativas. Depois de alguns dias, o governo conseguiu barracas. A cearense relata que ainda se sente sem equilíbrio e que todo barulho a assusta, o que é comum em vítimas de terremotos. Ela também mencionou que só tem dimensão da tragédia quem viu de perto o que acontecia.
Agora, Aminah e o marido pretendem se estabelecer no Ceará e estão morando em uma parte da casa cedida pela vizinha da mãe de Aminah, em Missão Velha, na região do Cariri. A residência em que estão não tem luz elétrica e nem gás de cozinha. A cearense pede ajuda, seja em alimentos, roupas ou emprego para o marido, que é engenheiro e trabalhava como mestre de obras na Turquia. O objetivo do casal é também ajudar os familiares e amigos que ainda estão na Síria e na Turquia.
Fonte: O Povo